O princípio de minha vida de leitor ocorreu em 1973, quando
fui apresentado à biblioteca do Colégio Polivalente. O ritmo e a profundidade
das leituras criaram em mim a necessidade de expressar ideias próprias. Dessa
forma, no final dos anos oitenta, comecei a produzir meus primeiros textos. Em
seis cadernos datilografados trabalhosamente, compilei esses ensaios um tanto
canhestros, impublicáveis.
Hoje, lendo Desvendando
o Arco-íris, de Richard Dawkins, destaco
eufórico o que ele escreveu contra os astrólogos, contra a astrologia.
“Os astrólogos […] afirmam poder
prever o futuro e adivinhar as fraquezas pessoais, e recebem pagamento por
isso, bem como por conselhos profissionais sobre decisões importantes.
“Não há nenhum mecanismo físico
conhecido pelo qual a posição de distantes corpos celestes no momento do
nascimento de uma pessoa poderia exercer alguma influência causal sobre a sua
natureza ou destino”
Já escrevi que o termo mais correto
para definir a pseudociência é “astromancia”, não “astrologia”.
Na semana passada, falando para os
alunos do Instituto de Educação Professor Isaías, falei que era impossível um
planeta distante exercer alguma influência sobre a Terra, a ponto de
influenciar no destino das pessoas.
Mais Dawkins:
“Muitas pessoas são tão versadas no
conhecimento dos signos que sabem as características que delas são esperadas.
Por isso, têm uma pequena tendência a corresponder a essas expectativas – não grande,
mas o suficiente para produzir os efeitos estatísticos muito tênues que foram
observados”
Dawkins se refere a estudos que
sugeriram uma correlação estatística entre o “signo” e o caráter.
“Os diferentes astrólogos têm
presumivelmente acesso aos mesmos livros. Ainda que seus veredictos sejam
errados, seria de pensar que seus métodos fossem bastante sistemáticos para
produzir os mesmos veredictos errados”
Esses excertos são pequenas amostras
de um conhecimento que desmistifica, conhecimento que amalgama filosofia e
ciência.
No meu
último caderno (compilado em 1995), escrevo O
décimo terceiro signo:
“Tudo o que se publicou contra a astrologia cai no esquecimento, por uma razão bastante óbvia: contra o mito enraizado na alma popular, lança-se inutilmente a luz desmistificadora do conhecimento. Ao longo da história humana tem sido assim: faz-se necessário que um novo mito, originado no velho ou estranho a ele, crie a contradição e, por conseguinte, a derrocada de um, de outro ou dos dois. Com respeito á astrologia (astromancia), a recente descoberta do décimo terceiro signo zodiacal, realizada por um grupo de astrônomos ingleses, vai de encontro a milênios de prática desse mito – abominado pelos gregos clássicos e pela Igreja Católica na atualidade. […] As reações são inevitáveis, mas o décimo terceiro signo nega tudo o que se fez e o que se faz em astrologia, na artimanha de ludibriar o senso comum e ganhar dinheiro”.
No texto
seguinte do mesmo caderno, Astroadivinhação, assim inicio meu ensaio nietzschiano:
“Apenas duas ‘marteladas’ bastam para pôr abaixo todo o
edifício da astrologia: a primeira fica por conta da Astronomia, ciência
verdadeira, e a segunda, também empírica, a cargo da Estatística”.
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