quarta-feira, 27 de maio de 2015

MEU DIÁLOGO COM DAWKINS



         O princípio de minha vida de leitor ocorreu em 1973, quando fui apresentado à biblioteca do Colégio Polivalente. O ritmo e a profundidade das leituras criaram em mim a necessidade de expressar ideias próprias. Dessa forma, no final dos anos oitenta, comecei a produzir meus primeiros textos. Em seis cadernos datilografados trabalhosamente, compilei esses ensaios um tanto canhestros, impublicáveis. 
         Hoje, lendo Desvendando o Arco-íris, de Richard Dawkins, destaco eufórico o que ele escreveu contra os astrólogos, contra a astrologia. 
“Os astrólogos […] afirmam poder prever o futuro e adivinhar as fraquezas pessoais, e recebem pagamento por isso, bem como por conselhos profissionais sobre decisões importantes.

“Não há nenhum mecanismo físico conhecido pelo qual a posição de distantes corpos celestes no momento do nascimento de uma pessoa poderia exercer alguma influência causal sobre a sua natureza ou destino”

Já escrevi que o termo mais correto para definir a pseudociência é “astromancia”, não “astrologia”.
Na semana passada, falando para os alunos do Instituto de Educação Professor Isaías, falei que era impossível um planeta distante exercer alguma influência sobre a Terra, a ponto de influenciar no destino das pessoas.
Mais Dawkins:
“Muitas pessoas são tão versadas no conhecimento dos signos que sabem as características que delas são esperadas. Por isso, têm uma pequena tendência a corresponder a essas expectativas – não grande, mas o suficiente para produzir os efeitos estatísticos muito tênues que foram observados”
Dawkins se refere a estudos que sugeriram uma correlação estatística entre o “signo” e o caráter.
“Os diferentes astrólogos têm presumivelmente acesso aos mesmos livros. Ainda que seus veredictos sejam errados, seria de pensar que seus métodos fossem bastante sistemáticos para produzir os mesmos veredictos errados”
Esses excertos são pequenas amostras de um conhecimento que desmistifica, conhecimento que amalgama filosofia e ciência.

          No meu último caderno (compilado em 1995), escrevo O décimo terceiro signo:

“Tudo o que se publicou contra a astrologia cai no esquecimento, por uma razão bastante óbvia: contra o mito enraizado na alma popular, lança-se inutilmente a luz desmistificadora do conhecimento. Ao longo da história humana tem sido assim: faz-se necessário que um novo mito, originado no velho ou estranho a ele, crie a contradição e, por conseguinte, a derrocada de um, de outro ou dos dois. Com respeito á astrologia (astromancia), a recente descoberta do décimo terceiro signo zodiacal, realizada por um grupo de astrônomos ingleses, vai de encontro a milênios de prática desse mito – abominado pelos gregos clássicos e pela Igreja Católica na atualidade. […] As reações são inevitáveis, mas o décimo terceiro signo nega tudo o que se fez e o que se faz em astrologia, na artimanha de ludibriar o senso comum e ganhar dinheiro”. 

            No texto seguinte do mesmo caderno, Astroadivinhação, assim inicio meu ensaio nietzschiano:
“Apenas duas ‘marteladas’ bastam para pôr abaixo todo o edifício da astrologia: a primeira fica por conta da Astronomia, ciência verdadeira, e a segunda, também empírica, a cargo da Estatística”.

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