Uma insatisfação exacerbada, sem
problema expressivo, constitui-se a mais nova doença de fundo neurótico a
acometer as pessoas nos últimos anos. A maioria delas reclama com acinte de
alguma coisa que não está cem por cento em sua vida.
Um observador de fora (por
tudo que vê ou ouve), a princípio, conclui que o mundo logo virá abaixo. Mais
tarde, todavia, ele constata que o mundo continua como o de antes e que as
pessoas, sim, mudaram para pior. A insatisfação que as domina psicologicamente advém
de um excesso de sensibilidade (que Nietzsche previra há um século e pico),
advém de desejos consumistas não satisfeitos (que vejo nestes dias).
A
propósito, a sociedade de consumo não consegue se desvencilhar do trade-off,
esse ganha e perde que cria momentos felizes e infelizes. Quanto mais os
insatisfeitos consomem, mais desejam consumir (numa corrida que não tem linha de chegada,
segundo Zygmunt Bauman).
A estabilidade econômica que o país experimentou desde
o Plano Real acostumou mal os brasileiros, que passaram a consumir mais e mais.
No exato momento em que se locupletavam como nunca, a instabilidade retorna
sub-repticiamente.
Agora a dívida determina o controle do consumo e,
consequentemente, o queda da indústria (menos a de antidepressivos).
A síndrome
da insatisfação atinge o campo inclusive, onde os recordes na produção agrícola
não são suficientes.
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