A
história não se repete, os fatos é que se assemelham por suas
causas, tramas ou desfechos reais.
Dois
exemplos recentíssimos passam a impressão de que algo vivido no
passado volta à berlinda (principalmente como gerador de crises): a
anexação da Crimeia pela Rússia e a condenação à morte, no
Egito, de 529 integrantes da Irmandade Muçulmana.
Definidas
as fronteiras geopolíticas após a debacle soviética, tudo indicava
que o posto mais avançado de nossa civilização (a Europa) havia se
imunizado contra o nacionalismo - essa doença que ensanguentara o
século XX. Todavia, extemporaneamente, a Rússia invade a Ucrânia e
toma a Crimeia, anexando-a ao seu território. Como uma das
possíveis consequências dessa anexação, os tártaros (já
deportados uma vez por Stálin) sofrerão a pressão de Moscou - numa
imitação menos conflituosa dos problemas étnicos que também
caracterizaram as últimas guerras no continente europeu.
Em
relação ao segundo exemplo, o problema político no Egito parece
encobrir um aspecto religioso. A condenação à morte de 529
cidadãos da Irmandade Muçulmana denuncia o "efeito halo"
que passa a marcar a cultura ocidental, num processo irreversível de
laicização, de democratização. O fundamentalismo islâmico
constitui uma ameaça a esse processo, como foi o cristianismo
primitivo para o Império Romano, o protestantismo para a Igreja
Católica, o judaísmo para o Terceiro Reich.
Tanto
a Rússia quanto o Egito, por intermédio de seus governos, acabam de
gerar fatos que lembram, respectivamente, o expansionismo belicoso e
a perseguição por motivos religiosos de outros tempos.
Mais
que não se repetir, a história, contrariamente ao que pensaram GWF
Hegel e Francis Fukuyama, não chegará ao fim. Pelo menos enquanto
sobreviver o homem - seu protagonista indispensável.
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