O
retorno que faço ao assunto da postagem anterior tem o objetivo de aprofundar um
pouco mais a reflexão, no sentido de compreender o comportamento excessivamente
individualista de homens e mulheres. Os exemplos vivos são encontradiços em
nosso meio social, muitos dos quais figuram em processos de herança que se
acumulam nos escritórios de advocacia e no Fórum (independentemente do valor do
espólio). A despeito de sua constitucionalidade, essa recorrência legal pelos
tão requeridos (e nunca suficientes) direitos é já a manifestação de um
individualismo antiético, causado por um salto significativo do Eu. Neste ponto
é que avanço reflexivamente. O Eu parece ter ganhado a batalha de sua
liberdade, a batalha contra o superego
– até então constituído pelas autoridades externas e pela própria consciência.
Entre essas autoridades, sobressaía-se a do(s) pai(s). O Eu livre do imperativo
não resistiu às tentações do id, aos
apelos dos instintos (ou pulsões), tornando-se um egoísta radical. Esse fenômeno
psíquico, que ocorre no âmbito do indivíduo a princípio, projeta-se
coletivamente a partir de 1968, Woodstock, Tropicália, Foucault etc. Sob a nova
bandeira sociocultural, cujo lema é “Proibido Proibir”, “não se diferenciaria
mais ‘boas’ e ‘más’ práticas sexuais”. Da mesma forma, “abolia-se qualquer ‘distinção’
entre música erudita e música pop”. (Exemplos transcritos de O homem-deus, de Luc Ferry.) A
instituição do casamento foi atingida em cheio, não ultrapassando a fase
inicial do Eros (paixão amorosa). Mas
os filhos continuaram a nascer. Filhos do Eu – que não vivenciaram o amor como philia e ágape. Homens e mulheres, como já expresso acima, excessivamente
egoístas na reivindicação de seus direitos, seja na divisão da herança, no
trabalho, no trânsito, na vida.
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