Por um longo tempo, observando a realidade no que concerne à telefonia móvel, chego à conclusão que o celular constitui a prova incontestável de uma moral até então impedida pela religião, pela lei, pelo modus vivendi social, pela consciência da alteridade: a do individualismo radical.
Todo indivíduo, independentemente de idade e condição financeira, possui um aparelho celular. De uma hora para outra, criou-se a imperiosa necessidade de usá-lo. (Os telefone fixos caíram em desuso, e os "orelhões" foram arrancados da paisagem urbana.)
A regra do celular é esta: todo mundo liga ou tenta ligar, mas nem todos atendem. Tal percentagem de não atendimento aumenta dia após dia. A principal razão para que isso ocorra não se deve à falta de tempo de quem é o destinatário da ligação, mas à sua conveniência. Um exemplo muito claro (ou muito vivo) de ligação inconveniente: feita do trabalho para quem se encontra de folga. Este dificilmente irá atender.
A relação de inconveniências é cada maior, diretamente proporcional à livre expressão do individualismo, à libertação do Eu.
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