que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Esse poema de Carlos Drummond de Andrade constitui uma metáfora para a nossa blogosfera. Cada personagem nele citado representa um blogueiro. O único acréscimo necessário é de um sentimento contrário ao amor, não plenamente expresso a partir de Lili. A indiferença é uma virtude da grandeza, do espírito nietzschiano, aristocrático. "Não amava ninguém" é de uma natureza diversa do ódio. Outra coisa insuficiente no poema para retratar a blogosfera santiaguense consiste na perfeita assimetria de gêneros. Por se tratar de um sentimento diverso do amor, as relações ocorrem entre João e Raimundo, entre Raimundo e Joaquim, entre os três e J. Pinto Fernandes. Excesso de testosterona. Não entre as mulheres. Tereza, Maria e Lili são superiores, amam ou não. Elas cuidam de bichos, ecologicamente corretas, escrevem belos poemas, intimistas, adoráveis. O problema está entre os homens, que adotaram delas a volubilidade. João odeia Raimundo num determinado momento e o ama noutro (não necessariamente nessa ordem). Trocam-se elogios e depois se engalfinham visceralmente. Amigos ontem, inimigos hoje, amigos amanhã. Num ano eleitoral, então... A despeito de fazer essa análise, confesso que também sou influenciado por esse ambiente eletrônico.
Um comentário:
Caro Froilam
Estou a procurar uma palavra que expresse com exatidão o que vi no teu texto.
Em tantas possibilidades,posso falar: perfeito!
Abraços
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