Nunca me canso de falar/escrever sobre livros. Exceto pelas limitações de tempo e espaço, dedicar-me-ia ainda mais a esse mister extraordinário. Para realizá-lo, todavia, outra atividade é indispensável: a de ler, ler e ler. Nestes dias, por exemplo, leio Armas, germes e aço – os destinos das sociedades humanas, de Jared Diamond. O livro é tão bom, que não posso esperar o final para lhes trazer, caros leitores, uma pequena amostra de seu conteúdo. Entre os dados curriculares do autor, consta o de ser um biólogo evolucionista. Em 1972, caminhando por uma praia da Nova Guiné, ele encontrou Yali, importante político local, que o indaga: “Por que vocês, brancos, produziram tanto 'cargo' e trouxeram tudo para Nova Guiné, mas nós, negros, produzimos tão pouco 'cargo'?”. Na ilha, “cargo” significa toda tecnologia desenvolvida pelo invasor (do machado de aço ao guarda-chuva). As questões sobre a desigualdade no mundo moderno podem ser assim sintetizadas: “Por que a riqueza e o poder foram distribuídos dessa forma e não de qualquer outra?”. Indiretamente: “Por que os índios americanos, os africanos e os aborígines australianos não dizimaram, subjugaram ou exterminaram os europeus e os asiáticos?”. Evitando a resposta que parece mais óbvia, de que há diferenças biológicas entre os povos (que sempre fomentou o racismo), Diamond analisa os ritmos diversos de desenvolvimento das sociedades nos últimos 13 mil anos. A começar pelo cultivo de plantas e domesticação de animais. A produção de alimentos fez a diferença, segundo esse estudioso. Um exemplo convincente é dado pelos povos maoris e marioris, agricultores e caçadores/coletores, respectivamente. Ambos de origem comum, mas com um destino tão diverso. A população dos maoris cresceu; artesões, chefes e soldados podiam se dedicar com exclusividade no fabrico de ferramentas, na guerra e na arte. Hoje a amostra fica por aqui.
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