Leio no Zero Hora de hoje sobre o calor sufocante que faz em Moscou. "A capital da Rússia amanheceu ontem tomada por uma densa fumaça produzida pelos incêndios florestais. Com a temperatura próxima de 40ºC e uma alta concentração de partículas tóxicas no ar, aviões foram impedidos de decolar dos aeroportos da cidade. Em locais turísticos, como a Praça Vermelha, uma bruma negra se instalou, provocando irritação nos olhos e garganta, e obrigando os moscovitas e turistas a usar máscaras de proteção."
A imagem que acompanha a matéria parece captada de algum filme catastrofista.
No caderno Cultura, outra matéria anuncia um romance sobre o clima, do escritor britânico Ian MacEwan. "Solar propõe um tratado sobre a culpa ao avaliar as decisões de um físico premiado pela Academia Sueca. Ian McEwan sobe os termômetros do mercado e inaugura a literatura sobre as alterações climáticas. A sátira amarga aborda um tema nevrálgico da atualidade - o aquecimento global."
A leitura dessa duas matérias me faz lembrar de um diálogo interessante do romance O gênio e a deusa, de Aldous Huxley. (Busco o livro na estante para transcrevê-lo:)
- O mal da ficção - disse John Rivers - é que ela faz sentido demais. A realidade nunca faz sentido.
- Nunca? - contestei.
- Talvez do ponto de vista de Deus - concedeu ele. - Do nosso, nunca. A ficção tem unidade, a ficção tem estilo. A realidade não possui nem uma coisa nem outra. Em seu estado bruto, a existência é sempre um infernal emaranhado de coisas, e cada uma dessas coisas é simultaneamente Thurber e Miguel Ângelo, é ao mesmo tempo Mickey Spillane e Thomas Kempis. O critério da realidade é a sua incongruência intrínseca...
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