domingo, 8 de agosto de 2010

O QUE É POESIA?

Defino a poesia, por um lado, como uma forma de dizer as coisas mais conhecidas, de preferência, uma forma ainda não conhecida de dizer (que cause surpresa e encantamento). Dessa forma, não é só o que dizer que interessa, mas como. Por outro, poesia é dizer coisas inauditas (que também causem surpresa e encantamento). Para exemplificar a primeira parte da definição acima, cito a poesia concreta, a práxis, a visual. Para a segunda parte, Manoel de Barros.

O poema solida, de Wladimir Dias Pina, fundamenta-se no como dizer.











O poema II, de O livro das ignorãças, de Manoel de Barros, fundamenta-se no quê.

Desinventar objetos. O pente, por exemplo. Dar ao

pente funções de não pentear. Até que ele fique à

disposição de ser uma begônia. Ou uma gravanha.


Usar algumas palavras que ainda não tenha idioma.

Ou este outro:

Conheço de palma os dementes de rio.

Fui amigo do Bugre Felisdônio, de Ignácio Rayzama

.........e de Rogaciano.

Todos catavam pregos na beira do rio para enfiar no

.........horizonte.

Um dia encontrei Felisdônio comendo papel nas

.........ruas de Corumbá.

Me disse que as coisas que não existem são mais

.........bonitas.

Obviamente, poesia é forma (o como) e conteúdo (o quê) ao mesmo tempo.

Nenhum comentário: