No tempo da oralidade, um dos preconceitos populares, senso comum, sustentava que não se discutia política e futebol. A justificativa é conhecida de todos: trata-se de assuntos que envolvem a paixão (mais do que o simples gosto). Toda conversa sobre esses dois motivadores passionais quase sempre levou seus interlocutores à controvérsia, à polêmica. Exceção para os correligionários e co-torcedores.
Um dos grandes benefícios do (auto)conhecimento é a superação realizada pelo indivíduo diante do que Francis Bacon denominou de ídolos. Para não ficar difícil, torno ao argumento anterior, da paixão. Esta diminui de intensidade à medida que avança o processo racional, de (auto)consciência.
Foi o que ocorreu comigo. Pelo menos na última década, vejo diminuir paulatinamente o interesse que tinha antes por uma eleição, por uma Copa do Mundo. Em 1982, por exemplo, colei adesivo no peito para governador e chorei a desclassificação da seleção brasileira na Espanha.
O que conheço da política e do futebol, principalmente da maneira de como são conduzidos uma e outro, já é suficiente para ter nojo de ambos. Se o termo "nojo" parece meio forçado, retrato-me com uma afirmação: amo a literatura.
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