O estudo da poesia deve começar por saber quem foram os poetas, sobre o que e como produziram, considerando-se a importância do conteúdo e da forma equivalente. A partir dessa premissa, o único texto sujeito a estudo consiste no produzido em nosso belo português. Na tradução de outra língua, tampouco o significado pode ser mantido plenamente, uma vez que a ele se somam elementos poéticos exclusivos de cada significante. Por exemplo, “window” e “janela” significam a mesma coisa, mas são termos completamente distintos em sonoridade e extensão. Por isso e muito mais, a oficina que orientarei no Centro Cultural começará por um amplo painel dos poetas de língua portuguesa, mormente os brasileiros. De José de Anchieta aos contemporâneos, hei de expor a essência de cada um, o melhor de sua poesia. Cada um associado ao contexto histórico e à orientação estética dominante de seu tempo. É tão importante conhecer que o conteúdo dos versos de Anchieta destinava-se à catequização dos “índios”, quanto que a forma desses mesmos versos remontava ao cancioneiro medieval – dominado pela medida velha. A propósito, a medida nova foi desenvolvida na Itália, por Petrarca, trazida para Portugal por Sá de Miranda e elevada à perfeição por Luís de Camões. Com as lições iniciais, os participantes da oficina já serão capazes de distinguir com segurança as três faces do barroco Gregório de Matos Guerra: lírica, sacra e satírica. Minha proposta é fazermos repetidas leituras e interpretações dos nossos poetas, com especial atenção para o ritmo e para a linguagem figurada – aspectos que serão aprofundados em análise e produção posteriores.
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