(Retomando os estudos poéticos, transcrevo Celso Cunha/ Lindley Cintra.)
Comparemos estes versos de Olavo Bilac, todos com dez sílabas métricas:
ooo
Che / guei./ Che /gas / te./ Vi / nhas / fa / ti / ga / (da)
E / tris / te, e / tris / te e / fa / ti / ga / do eu / vi / (nha.)
Ti / nhas / a al / ma / de / so / nhos / po / vo / a / (da.)
e a al / ma / de / so / nhos / po / vo /a / da eu / ti / (nha.)
o1oooo 2ooo 3ooo 4ooo 5ooooo6ooo7oo8ooo9oooo10
ooo
Verificamos que no primeiro verso haverá sempre, de qualquer forma que o leiamos, dez sílabas até a última tônica. Nele a fronteira das sílabas é coincidente, seja numa leitura pausada ou acelerada, seja na prosa ou no verso, seja, enfim, numa emissão isolada das palavras, se abandonarmos a última sílaba átona.
Já não sucede o mesmo com os três outros versos, que só atingem aquela medida pela leitura numa só sílaba da vogal final de uma palavra com a vogal inicial da palavra seguinte. Assim:
a) no segundo verso, temos de juntar numa só emissão de voz o e final de triste e a vogal da conjunção aditiva (duas vezes), bem como o o de fatigado e o ditongo do pronome eu;
b) no terceiro verso, ligamos o artigo a à vogal inicial de alma;
c) no quarto, finalmente, fundimos numa só sílaba as vogais da conjunção e, do artigo a, e a inicial do substantivo alma; e, também, a vogal final do adjetivo povoada e o ditongo constituído pelo pronome eu.
Na leitura destes versos, sentimos que há três soluções para obtermos a contração numa sílaba de duas ou mais vogais em contato:
1ª) A primeira vogal pode perder a sua autonomia silábica e tornar-se uma semivogal, que passa a formar ditongo com a vogal seguinte. É o que se observa, por exemplo, na pronúncia:
ooooooooooooooooo fa / ti / ga / dwew / [ = fatigado eu]
ooo
Dizemos que, neste caso, há SINALEFA.
ooo
2ª) A primeira vogal pode desaparecer na pronúncia diante de uma vogal de natureza diversa. Por exemplo, na pronúncia:
ooooooooooooooooo fa / ti / ga / dew / [ = fatigada eu]
ooo
A este fenômeno chamamos ELISÃO.
ooo
3ª) A primeira vogal pode ser igual à seguinte e com ela fundir-se numa só. É o que se dá, por exemplo, com a emissão:
ooooooooooooooooo Ti / nhas / al / ma / [ = Tinhas a alma]
ooo
Neste caso, verifica-se o que denominamos CRASE.
4 comentários:
gostei! muito bom
caraca de todas as esplicas´~oes que eu procurei para esse assunto esse foi o melhor!!!!!!!!!!!!!!!!!entendi bastante ;muito bem esplicado!!!!!!!!!!!
Texto antigo, mas explanação excelente. É um tema que fica à posteridade. Grato.
Muito bem explicado!
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