domingo, 4 de novembro de 2007

XENÓFANES DE CÓLOFON

O primeiro filósofo a criticar a religião tradicional foi XENÓFANES DE CÓLOFON. Entre os pré-socráticos, esse filósofo chama a atenção pela forma que expos suas idéias e, principalmente, pelo conteúdo filosófico das mesmas. Ele escreveu elegias e siloi, poemas satíricos em que, pela primeira vez, coloca o homem como objeto de seu pensamento. Até então, a questão principal que envolvia os primeiros pensadores gregos era descobrir a constituição básico do cosmos. Eram protofísicos. Mais tarde, Sócrates seria antropocêntrico, criaria a moral e seria condenado também por não acreditar nos deuses olimpianos. Mas Xenófanes (570 a.C. - 475 a.C), muito antes, já expressava desta forma sua crítica: Quanto há de vergonhoso e censurável tudo isso atribuíram aos deuses Homero e Hesíodo: roubos, adultérios, mentiras. Contra o antropomorfismo (a tendência do homem criar deus à sua imagem e semelhança): Julgam os mortais que os deuses foram gerados/ que têm os trajes deles, e a mesma voz e corpo. Noutro fragmento: Dizem os Etíopes que [os seus deuses] são negros e de nariz chato, fazem-nos os Trácios de olhos azuis e cabelos ruivos. A divindade de Xenófanes pode ser conhecida a partir do fragmento 23 (não confundir com o salmo 23): Um só deus, dentre deuses e homens o maior, / que não é semelhante aos mortais, de corpo nem de espírito. (Esta explicação é extraordinária e, dois milênios e meio mais tarde, constitui a premissa fundamental do meu ateísmo.) Apenas nos séculos XIX e XX, a inclinação antropomórfica criticada por Xenófanes seria retomada e inteiramente compreendida por Ludwig Feuerbach (em A essência do cristianismo, por exemplo), por Nietzsche, pela Psicanálise, por Bertrand Russel, entre outros.

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