sexta-feira, 2 de novembro de 2007
IN MEMORIAM
De todos os dias do ano, o Dia de Finados é dos mais tristes para as pessoas que têm coração – este centro da esfera emocional onde palpitam, entre outros sentimentos, a saudade daqueles que se foram para sempre. Com o coração ainda chorando, incluo-me entre essas pessoas há um ano e meio, desde quando minha mãe não mais resistiu a um câncer que a fez sofrer muito. Até os meus últimos dias, sentirei a sua ausência, porque ela era quem mais próximo esteve do meu mundo, antes, durante e depois de ter me dado à luz. O tempo pode até diminuir as dores, não os sentimentos de filho que evoluíram continuamente para a gratidão e o amor, íntimos e verdadeiros, embora poucas vezes se traduzissem em palavras. Desde que saí de casa para estudar fora, aos 13 anos, passei a autoperceber toda a dimensão afetiva que significava minha mãe. Ela era o principal motivo que me levava com freqüência ao Rincão dos Machado, momento feliz em que também revia meu pai e meus irmãos. Ao longo de três décadas foi assim: a cada reencontro cheio de alegria se seguia a despedida um pouco triste. O derradeiro reencontro que tivemos, no Hospital Santa Rita, houve um pouco de alegria na chegada (de sua parte) e muita tristeza no retorno (em mim). Desde então, basta pensar na sua partida para meus olhos se encherem d’água. A tradição me condiciona a visitar o cemitério neste dia, acender velas e depositar flores sobre seu jazigo. Certamente, irei a Bom Retiro, mas é no âmago do meu ser, no coração que cultuo as melhores lembranças da minha mãe, onde palpitam os sentimentos da gratidão e do amor. De certa forma, ela vive para mim, ainda que sem a perspectiva do reencontro.
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Um comentário:
Froilam...
Teu texto me emocionou. Tenho meus pais junto comigo, e, muitas vezes não percebo o valor disso. Um dia não haverá mais reencontro.
Grande abraço,
Lígia.
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