domingo, 4 de novembro de 2007

FORMA E CONTEÚDO

Algumas pessoas me pedem freqëntemente para eu avaliar o que escrevem. Há dois aspectos a serem analisados: o que se diz (conteúdo) e o como se diz (forma). Obviamente, o que e o como são intrínsecos à língua, interdependentes. Carlos Drummond de Andrade tornou-se um dos maiores poetas brasileiros em grande parte pelo conteúdo de seus textos, ainda que em Lições de coisas o poeta tenha valorizado os aspectos visuais e sonoros (como). Os concretistas, percebendo uma certa "crise no verso", que se aproximava da prosa, recriaram a forma (sempre engessada nos modelos clássicos), transformando-a em conteúdo. Essa é a grande lição da poesia concreta, a partir da qual surgiram grandes poetas da produção contemporânea. Paulo Leminski é um deles.
Ali
ooo
ali

ali
se

se alice
ali se visse
quanto alice viu
e não disse

se ali
ali se dissesse
quanta palavra
veio e não desce

ali
bem ali
dentro da alice
só alice
com alice
ali se parece
oooo
(Também poeta, Alice era a mulher do poeta.)
oooo
Quando leio um poema, percebo as duas coisas ao mesmo tempo (forma e conteúdo). Assim, recomendo àqueles que se iniciam na arte de dizer o quase inédito), que digam algo com conteúdo (que a forma não será relevante), ou criem uma forma de dizer o inaudito (mas o conteúdo sempre será relevante).

Um comentário:

Vivi disse...

ah quanto a seu comentario, sobre arriscar acreditar...ja fiz isso. Vira e mexe faço isso. Mas como tem gente que me decepciona...
enfim, é a vida....

beijocas e otima semana...