Uma
palestra realizada na FAE – Centro Universitário sobre o suicídio projetou um slide, que me fez pensar com tristeza na
noite passada: o Rio Grande do Sul figura em primeiro lugar no ranking de
estados pelo número de mortes autoprovocadas no Brasil.
Os números são dispensáveis para uma reflexão
séria, que faço a seguir, cuja validade independe de quanto e sim de por quê.
Um caso de suicídio já é muito para a efetivação de uma tragédia que abala
profundamente toda apreciação positiva da vida
A partir do tratamento de indivíduos
frustrados em sua intenção suicida, psicólogos, psiquiátricas e estudiosos
elencam uma relação de causas possíveis do ato em si. A tentativa de suicídio pode
ser comparada ao suicídio? A diferença é apenas de grau, de menos ou maior
agressividade?
A palestrante fez referência a um
contrato de não suicídio, assinado durante o internamento psiquiátrico,
documento que parece prevenir o contratante da responsabilidade ou do
sentimento de culpa. Esse contrato é de uma potência cômica irreprimível.
Nenhuma assinatura foi aposta no papel por aqueles que lograram êxito no ato
contra a própria vida. Ou a morte autoprovocada constituiria uma assinatura,
num tempo e espaços incapazes de serem previstos?
Por que o Rio Grande do Sul é o melhor
no ranking? O que acontece com os gaúchos, reconhecidos pelo traço cultural da
positividade? Alguma coisa na água (do chimarrão), no ar, na terra, no fumo, no
churrasco, na alma, na vida? Os dois últimos itens (alma e vida) não distinguem
os sulinos de outros brasileiros, todos a contribuir para aumentar a taxa de
suicídio.
Independentemente do lugar de origem,
idade, cultura, nível de instrução e economia, os homens governam suas vidas
buscando a felicidade, e procurando evitar emoções desagradáveis (escreve
António Damásio). O suicídio é a negação dessa condição existencial, prova de que
há uma anomalia psíquica em nossa sociedade.
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