domingo, 15 de setembro de 2019

A FALÁCIA DO RELATIVISMO


      Alguns psicólogos, no afã de ampliar ad infinitum o campo de sua atuação, asseguram-nos que os conceitos de normal e patológico são “extremamente relativos” (BOCK, 2008).
Os vieses culturais, por mais diferentes que se apresentam entre duas sociedades, entre dois povos, não permitem a avaliação pelo relativismo extremo. Obviamente, esses estudiosos tomam uns poucos exemplos como referência de suas generalizações apressadas.
A essa falácia pseudocientífica se juntam antropólogos e sociólogos.
HARRIS (2013) cita um caso de relativismo:

Se descobríssemos uma nova tribo na Amazônia amanhã, nenhum cientista assumiria a priori que essas pessoas teriam saúde física e prosperidade material excelentes. O que faríamos seria averiguar a expectativa de vida da tribo, sua ingestão diária de calorias, a porcentagem de mulheres mortas no parto, a prevalência de doenças infecciosas, a presença de cultura material etc. Tais questões teriam respostas, e elas provavelmente revelariam que viver na Idade da Pedra exige alguns sacrifícios. Porém, notícias de que esse bom povo gosta de imolar seus primogênitos para deuses imaginários fariam alguns antropólogos (talvez a maioria deles) dizerem que essa tribo possui um código moral alternativo, tão válido e irrefutável quanto o nosso.

O filósofo e neurocientista contemporiza que “alguns antropólogos têm se recusado a seguir seus colegas nesse princípio intelectual”.
O exemplo de uma tribo da Amazônia é extremo, uma exceção para o grande número de sociedades que habitam o planeta nestes dias e que se assemelham no espectro de suas culturas. Toda diversidade é pouco para ignorar as similitudes. Afinal, trata-se do mesmo homo sapiens.

BOCK, Ana Mercês Bahia. Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia / Ana Mercês Bahia Bock, Odair Furtado, Maria de Lourdes Trassi Teixeira. – 14ª edição – São Paulo: Saraiva, 2008, p. 348.

HARRIS, Sam. A paisagem moral: Como a Ciência pode determinar os valores humanos / Sam Harris; tradução Claudio Angelo. 1ª ed. – São Paulo: Companhia das Letras, 2013, pp. 26 e 27.

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