O
homem é um animal social, isso se sabe desde antes de Aristóteles dizer algo
nesse sentido. Para ser mais preciso, desde antes do que se convencionou
denominar “civilização”, o homo sapiens evoluiu graças à capacidade de se
organizar em grupos cada vez maior. A propósito, a civilização pode ter
alterado a natureza humana a ponto de não constituir um exagero nietzschiano responsabilizá-la
por uma degeneração (que mina suas bases).
O tecido social não oculta mais seus
pontos de fragilidade, de ruptura, onde as células do mal se desenvolvem por “geração
espontânea”. Certamente, o homem primitivo não trazia em seu pool genético
qualquer propensão ao individualismo radical bastante observado nestes dias.
A tendência ao solipsismo é
incontornável. As pessoas passam a se isolar em apartamentos (cujo significado
é separação, afastamento). Mesmo conectadas na grande rede de computadores, elas
são cada vez mais individualistas – e solitárias. Nesse estado, ou internalizam os efeitos do
isolamento, como solidão, depressão, loucura e morte, ou os exterioriza em
palavras e gestos antissociais, como maledicência, espezinhamento (troll),
violência e morte.
Sigmund Freud escreveu em O futuro de uma ilusão (ensaio
magnífico) que “todo indivíduo é virtualmente inimigo da civilização”, que esta
“tem de se erigir sobre a coerção e a renúncia ao instinto”. O problema (que se
agiganta na pós-modernidade) consiste no contrário: os indivíduos não abrem mão
de seus instintos e pulsões, que são racionalizados como a própria vontade, o
próprio Eu.
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