Um
critério irrefutável de normalidade é
a pessoa buscar o prazer e evitar a dor. Freud denominou essa tendência de
Princípio do Prazer (ou Princípio da Realidade, quando se considera o mundo
exterior).
O sofrimento psíquico parece ter como
um de seus sintomas o não querer se livrar dele. O indivíduo se afasta dos
demais membros de sua família, de seu círculo de amigos ou colegas de trabalho,
enfim, dos ambientes sociais a que pertence obrigatoriamente. A causa da doença
não mais denuncia um problema exógeno, como pensa muita gente grande, mas
reporta ao interior do próprio indivíduo.
Destarte, o que é anormal no
depressivo, por exemplo?
Em primeiro lugar, a inverter a ordem
acima, constitui a forma como o indivíduo reage às injunções de seu entorno
social e, em segundo, a ocultação do desastre instaurado em sua psique.
A percepção da doença, o que é
paradoxal, ocorre pelos outros que circundam o universo singular do depressivo.
Tal percepção, em muitos casos conhecidos, representa a parte inicial e
indispensável para o processo da cura. Nesse aspecto, reescreve-se o bordão
foucaultiano, “vigiar e punir”, para “perceber e curar”.
O indivíduo com o problema psíquico tem
que despertar da letargia, do solipsismo em que vive (via de regra). Ele necessita
desejar visceralmente não querer o sofrimento – antes que a patologia evolua
para pior.
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