A
filosofia sofre a pecha de ser uma atividade intelectual sem resultados
positivos, para não dizer inútil de cara. Essa visão do senso comum prepondera na Academia, ainda dominada pelo conhecimento técnico e científico.
Em seu último romance, Hereges (p. 24), Leonardo Padura assim
descreve o personagem Mario Conde:
Conde começou a
viver uma fase de prosperidade econômica que durou vários anos e que lhe
permitiu dedicar-se, até com certo desregramento, às atividades que mais lhe
agradavam na vida: ler um bom livro e comer, beber, ouvir música e filosofar
(falar merda, para ser claro) com seus mais velhos e encarniçados amigos.
A transcrição desse excerto do ficcionista
cubano me serve de mote para dizer que, na realidade, as pessoas não leem bons
livros e filosofam tampouco. A maioria delas vive a comer, a beber e a ouvir
música.
Não posso perguntar que tipo de música
mais se ouve em nosso país, qual a sua qualidade artística, ou que bem efetivo propicia
a seus ouvintes, sob pena de receber comentários desaforados por intermédio das
redes.
Essa pergunta e tantas outras que
povoam o meu, o nosso dia a dia, não são em vão, na medida em que vêm
imediatamente antes de uma escolha, de um sim ou de um não. O pensar sobre as
próprias escolhas, antes de fazê-las de uma forma inconsequente, significa
filosofar (tão necessário à existencialidade humana).
Um comentário:
Teste
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