ANSIEDADE E GOZO
(NÃO NECESSARIAMENTE NESSA ORDEM)
O conhecimento só se efetiva no momento em que uma
tese é comprovada pelos fatos reais e vice-versa (quando a realidade observada
permite depreender suas categorias como verdadeiras).
As
redes sociais já constituem, por excelência, o modo parecer, ao mesmo tempo em que geram mais ansiedade em seus
usuários compulsivos. Estes se definem como hedonistas (por um lado), ou como
ansiosos (por outro). Hedonistas ou ansiosos, todavia, não representam classes
separadas de indivíduos, uma vez que trocam de posição, a depender das
circunstâncias em que se encontram eles.
O
esforço de parecer bem no dia a dia, sob as imposições do lar, do trabalho, do
estudo e da condição financeira, por exemplo, enfatiza um estado contrário, de
anseio por uma casa melhor, por um emprego mais gratificante, por férias, por
viagens, por escolhas novas etc. Os ansiosos veem o melhor acontecer com os
outros. A ansiedade que os massacra cotidianamente se escancara na urgência da
postagem salvadora, que consiste em ostentar hedonisticamente. Aeroportos (a
partir do check-in de conexão no
Facebook), edifícios majestosos, pratos especiais, praias paradisíacas, tudo
identificado apenas com legendas do tipo “fui!”, “de boa!”, “lindo!” e
“gratidão!”. Tais postagens justificam o parecer
para poucos e retroalimentam a ansiedade para uma maioria de interlocutores
(mergulhados na azáfama cotidiana até o pescoço).
As
redes sociais potencializam a ansiedade demorada e o gozo momentâneo, em vista
da textualização de uma e de outro. A aparente superficialidade com que os atores
da comunicação se interagem requer um estudo sério, que confira cientificidade
ao que foi exposto acima.
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