segunda-feira, 29 de julho de 2019

ANSIEDADE E GOZO


     ANSIEDADE E GOZO
(NÃO NECESSARIAMENTE NESSA ORDEM)

       O conhecimento só se efetiva no momento em que uma tese é comprovada pelos fatos reais e vice-versa (quando a realidade observada permite depreender suas categorias como verdadeiras).
         As redes sociais já constituem, por excelência, o modo parecer, ao mesmo tempo em que geram mais ansiedade em seus usuários compulsivos. Estes se definem como hedonistas (por um lado), ou como ansiosos (por outro). Hedonistas ou ansiosos, todavia, não representam classes separadas de indivíduos, uma vez que trocam de posição, a depender das circunstâncias em que se encontram eles.
         O esforço de parecer bem no dia a dia, sob as imposições do lar, do trabalho, do estudo e da condição financeira, por exemplo, enfatiza um estado contrário, de anseio por uma casa melhor, por um emprego mais gratificante, por férias, por viagens, por escolhas novas etc. Os ansiosos veem o melhor acontecer com os outros. A ansiedade que os massacra cotidianamente se escancara na urgência da postagem salvadora, que consiste em ostentar hedonisticamente. Aeroportos (a partir do check-in de conexão no Facebook), edifícios majestosos, pratos especiais, praias paradisíacas, tudo identificado apenas com legendas do tipo “fui!”, “de boa!”, “lindo!” e “gratidão!”. Tais postagens justificam o parecer para poucos e retroalimentam a ansiedade para uma maioria de interlocutores (mergulhados na azáfama cotidiana até o pescoço).
         As redes sociais potencializam a ansiedade demorada e o gozo momentâneo, em vista da textualização de uma e de outro. A aparente superficialidade com que os atores da comunicação se interagem requer um estudo sério, que confira cientificidade ao que foi exposto acima.

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