sábado, 27 de julho de 2019

PROTÁGORAS: O MAIOR

     O filósofo da Antiguidade verdadeiramente grande foi Protágoras, malgrado a avalanche de críticas dirigida contra ele por todos os pensadores, que repercutem os antissofistas Sócrates e Platão.
      Em tempo pós-moderno, também caracterizado pelo relativismo, o nome de Protágoras é citado com frequência, como prova de que cada pessoa (e sua interpretação de seres, coisas e fenômenos) é depositária da verdade.
        Karl Popper me abriu os olhos para esse reducionismo histórico sobre o pensamento de Protágoras. O homo mensura – “o homem é a medida de todas as coisas” – não pode ser interpretado como se cada um, em separado, pudesse ser o detentor da verdade. Segundo Popper, não é só isso.
        A filosofia teve origem como uma proposta racional de acabar com o mito, com a deificação da natureza. Com exceção de Marx, Nietzsche, Freud e os neoateístas contemporâneos, os pensadores continuam a acreditar numa divindade, num absoluto de todas as medidas. Entre eles, Parmênides e Platão são radicais defensores de que só os deuses possuem conhecimento.
Não há relativismo no argumento de Protágoras, mas a especificação de que “o conhecimento humano deve ser tomado como nosso padrão”, uma vez que “nada sabemos sobre os deuses”. As ciências, por exemplo, constituem o corpus de conhecimento elaborado pela razão.
         Protágoras rompe com a fabulação anterior, que foi ab origine o grande propósito da filosofia, o de dar ao homem a autêntica e definitiva autonomia. 

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