Muitas
pessoas são analfabetas, outras tantas são alfabetizadas apenas e desistem dos
estudos regulares, (via de regra) forçadas pela necessidade de sobreviver
economicamente. Elas correm entre a casa e o trabalho, entre o trabalho e a
casa, entre a casa e o lugar de diversão...
No início da Alegoria da Caverna, Sócrates (o alterego de Platão) pede para seu
interlocutor imaginar “a maneira como segue o estado da nossa natureza
relativamente à instrução e à ignorância”. Dentro de uma morada subterrânea, às
sombras, viveriam os homens ignorantes. Libertos da caverna, à luz do Sol,
desfrutariam os sábios e virtuosos. A dicotomia platônica representa dois
mundos: o sensível e o inteligível.
A maioria referida no primeiro
parágrafo, segundo a alegoria de Platão, tomaria a ilusão como real. Ela não
teria consciência da ideia do bem, por exemplo, ou num sentido moderno, mal saberia
o que é alteridade.
Ao rodar pela cidade, encontramos
operários na construção, balconistas na loja, catadores de papel, entre outros
trabalhadores, cuja renda é limitada pela falta de instrução. Sem noção do
próprio limite, essas pessoas até se sentem felizes – sentimento que constitui
uma impossibilidade para outras com empregos melhores.
Na hipótese de um meteoro estiver em
rota de colisão com a Terra, a colocar em risco a vida humana, os moradores no
“subterrâneo” nada saberiam até o momento do impacto. Mesmo que ouvissem alguma
notícia pelos meios de comunicação, talvez caíssem de joelhos, dobrados pela
crença num castigo dos céus. Uma minoria, no entanto, ocupar-se-ia com a
empresa de desviar o meteoro (de posse de uma tecnologia desenvolvida por ela).
A possibilidade de salvar a humanidade
no caso acima passa pelo saber, cujo impulso “é forte demais para que ainda
sejamos capazes de estimar uma felicidade sem conhecimento ou a felicidade de
uma ilusão firme” – no dizer de Nietzsche.
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