terça-feira, 14 de maio de 2019

O ÔNUS REFLEXIVO


A criança não sabe nos primeiros anos de vida que morrerá um dia, até que alguém lhe conte uma história, ou lhe diga a verdade sobre a morte. Mais tarde, ela testemunha a “partida” de uma pessoa da família. Outros entes queridos morrem em sequência, a confirmar que esse é o destino de todos, inclusive dela mesma.
A consciência tem um ônus reflexivo: a inexorabilidade do próprio fim.
Ao pensar (e escrever) sobre o conteúdo acima, ocorre-me a ideia de que nossa espécie, designada de humanidade, à semelhança do indivíduo que passa saber de sua morte (mais ou menos próxima), também adquire a certeza de sua extinção à medida que desenvolve a consciência e conhece o mundo. Outras espécies pertencentes ao mesmo gênero já desapareceram, como os neandertais (há tão somente trinta mil anos).
Independentemente de todo progresso que vier alcançar em longevidade, a humanidade caminha sem volta para o próprio fim. A presunção de permanência (ou imortalidade) ainda reflete um arroubo de juventude. Logo a certeza será irrefutável.
A morte de nossa espécie (porque única) significará o fim do gênero homo a que ela pertence filogeneticamente.  

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