terça-feira, 7 de maio de 2019

A INTERFERÊNCIA DOS CACHORROS NA TAXA DE FECUNDIDADE PÓS-MODERNA


A taxa de fecundidade no país está em queda acelerada. Para justificar esse fenômeno social (traduzido em números) há uma soma de causas, umas mais relevantes que outras.
Ao pensar sobre o que leva as mulheres (os casais) a terem menos filhos nestes dias, ocorre-me uma resposta simples (ainda não expressa pelos estudiosos): adoção de cachorros. Nenhum senso foi realizado para mensurar o costume, mas ele é visível ao se observar a realidade.
No fim da tarde do sábado, fui andar no parque. Ao longo da pista de asfalto, era forçado a diminuir a passada ou até mesmo parar, porque um cachorrinho vinha em sentido contrário (conduzido pelo dono abobalhado). Não eram cinco, dez ou cinquenta cachorros, mas centenas, milhares. Sem condições para uma caminha tranquila, deliberei por mudar o dia, a evitar o fim de semana.
À noite, depois da caminha malsucedida, compareci a um jantar na casa de amigos. Prato principal: Knödel (massa de pão sobre costelas de porco). Depois de quatro garrafas de vinho, papo reforma do mundo, eis que o relacionamento com cachorros passa a ser o assunto da hora. Seis, doze, sessenta minutos, duas horas, exclusivamente a falar dos bichos criados dentro de casa. Em silêncio, limitava-me a bocejar e a ouvir os outros.
Naquele momento, ainda não dispunha da informação de que no Reino Unido foi proibida a venda de filhotes de cachorros (e gatos) em pet shops. Certamente, repassaria aos demais convivas, para gerar entre eles um mal-estar, uma aporia.

Uma de minhas teses é radical: há algum tempo, a taxa de fecundidade baixa levou à adoção de cachorro, mas agora é a adoção de cachorro que interfere na taxa de fecundidade. Outra ideia ainda menos simpática: o fato de criar animais denuncia dois aspectos da vida pós-moderna: solidão e misantropia (tema para outro texto).

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