O Brasil, por intermédio de seus últimos
governantes, não faz mais que repetir uma política criada em Roma há dois
milênios: pão e circo. O primeiro item foi institucionalizado com o nome de
Bolsa Família; o segundo é preparado mais perdulariamente nestes dias que
antecedem o grande espetáculo da Copa do Mundo de Futebol. Os gastos totais com
a brincadeira orçam em aproximadamente 30 bilhões de reais. Na política romana,
satirizada pelo poeta Juvenal, os gastos com pão e circo foram enormes,
forçando a elevação de impostos e comprometendo a economia do Império. Aqui os
impostos já sufocam os brasileiros (leia-se, os que produzem), sobrando a
alternativa de cortar no orçamento anual – tão necessário para o real
desenvolvimento do país. A distribuição do pão é feita de forma simples:
transferência direta de renda, dos que produzem (e pagam impostos) aos que não
produzem, pobres e miseráveis. O “milagre” não é questionável, a não por uma
filosofia que defende o ensino da pesca ao invés de dar o peixe. Ao contrário
dessa aceitação tácita, a preparação do circo vem suscitando críticas e
manifestações de rua violentas. Inclusive grandes entusiastas pelo esporte se
colocam na linha de frente, onde o discurso é forjado (e logo transformado em
respaldo moral para as ações dos black bloc. Apenas para a construção/ reforma dos estádios, o evento custará 97%
aos cofres públicos. A presidente Dilma, todavia, afirma que o dinheiro não
terá essa fonte. Pelé argumenta (?) que as despesas serão recuperadas com o
turismo. O circo, cujo significado primordial era diversão gratuita ao
povo, virou mercado para poucos beneficiados: a Federação Internacional de
Futebol (FIFA) e as empresas que administrarão os estádios depois da Copa do Mundo.
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