Em seu Que é a literatura?, Jean-Paul Sartre escreve:
“Ninguém é escritor por haver decidido dizer certas coisas, mas por haver
decidido dizê-las de determinado modo”.
Ao tomarmos essa sentença sartreana
como escantilhão, reduzem-se a pouquíssimos os escritores santiaguenses da
atualidade. Infelizmente, a maioria dos que juntam a chancela de escritor(a) ao
seu nome encontra-se no espaço fora da medida.
A publicação de um livro (com
capa coloridíssima, ficha catalográfica, ISBN) não é suficiente para tornar
alguém um escritor. As publicações num blog muito menos.
Antes de considerar a
falta de um estilo propriamente, do modo de como dizer as coisas, outras
incompetências são perceptíveis. A princípio, salta aos olhos a dificuldade no
emprego correto da língua portuguesa, único instrumento para a produção do
texto (em português). Os erros gramaticais, sobretudo os de sintaxe, ocorrem em profusão.
Ainda no
âmbito forma – logo evoluindo para o semântico – evidencia-se o parco domínio
do léxico por quem já se considera um escritor. Na prosa e na poesia, a
ocorrência de verbos (em suas formas nominais) indica uma pobreza substantiva.
Antes de um estilo propriamente, é necessário que se tenha coisas para dizer.
Com coerência no mínimo, que consiste na relação lógica, compreensível, entre
os enunciados (intratextuais), entre os enunciados e outros apenas
referenciados (intertextuais).
Nesse aspecto, ninguém se torna escritor sem
incluir os linguistas entre suas leituras obrigatórias.
A propósito, com o
volume de leitura que sabemos existente em Santiago, dificilmente
testemunharemos a evolução do simplesmente dizer certas coisas para o dizê-las
de determinado modo.
Alguns rechaçarão o ponto de vista acima desenvolvido,
inclusive com a tese de que Sartre está ultrapassado.
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