Ao perguntar o que
há de errado com a felicidade, Zygmunt Bauman repete o que fazem
outros pensadores contemporâneos (pre)ocupados com esse aspecto tão
intimamente associado à vida humana. A primeira constatação do
sociólogo é de que as pessoas “estão se tornando mais ricas, mas
não está claro se estão se tornando mais felizes”. Pesquisas
realizadas nos Estados Unidos e Inglaterra concluem que as melhoras
nos padrões de vida nesses países não redundaram num aumento do
bem-estar subjetivo. O que é válido lá, cá também o é. A
riqueza crescente no Brasil vem acompanhada de um crescimento
assustador nos roubos, tráfico/consumo de drogas, assassinatos,
corrupção no mundo dos negócios e da política. O cidadão
adquire/tem mais dinheiro, mas acaba gastando mais com o próprio
Estado, que lhe usurpa legalmente, com a segurança, plano de saúde,
psicólogo, advogado etc. Ele se vê a meio caminho entre o
restaurante e a academia, entre o ê(c)xtase e o antidepressivo.
Quanto mais dinheiro, a maior a necessidade de consumo. O shopping
center transformou-se num tipo de éden, num paraíso reencontrado.
Bauman argumenta que igualar a felicidade à compra de mercadorias “é
afastar a probabilidade de a busca da felicidade algum dia chegar ao
fim”. Há um descompasso no dia a dia desse cidadão, causado pela
pressa (que independe do maior ou menor tempo ocioso). Sentado em
frente do último modelo de televisor, ele é instigado comprar um
novo automóvel, a mudar os objetos que mobilham sua
casa/apartamento. Não mais planeja sua vida a longo prazo, afetado
pelo imediatismo. O futuro é impensado, uma vez que vive preso ao
presente em sua caverna hi-tech (numa permanente transitoriedade).
Isso e muitas outras coisas o impedem de ser feliz.
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