Numa cidade com poucos leitores, a escrita é um ato de ousadia, de sorte. O texto se configura uma ponte lançada sobre o improvável. Para se constituir num evento linguístico, ele necessita de quem o tenha na mão, que o leia e o compreenda como tal. A esse receptor fortuito, indispensável no processo sociocomunicativo, atribui-se a coautoria do texto que lê.
Ao desenvolver a necessidade de levar adiante a enunciação, que Bakhtin qualificou de atitude responsiva ativa, o leitor se nobilita, ao produzir algum gênero textual de sua escolha, uma vez que assim o exige a condição de sujeito.
O papel do leitor é exaltado por Jorge Luis Borges com o exemplo pessoal: “Que otros se jacten de las páginas que han escrito, a mi me enorgullecen las que he leído”.
Uma vida de leitura – iniciada há trinta e muitos anos na biblioteca do Colégio Polivalente – também me faculta o sentimento acima expresso pelo escritor genial. Orgulho aliviado do fardo pejorativo como o define o senso comum, diga-se de passagem.
Meu próximo livro é o resultado de leituras que realizei desde os pré-socráticos aos pensadores vivos de nosso tempo. A primeira parte revela a influência de alguns filósofos, em especial F. Nietzsche. Na segunda parte, sobressaem-se as reflexões de cunho sociológico. Nas demais, escrevo sobre meio ambiente, psicologia, educação, trânsito, política, astronomia, religião, lingüística, poesia etc. Algumas crônicas mesclam os assuntos e tornam mais leve o gênero argumentativo.
Numa cidade com poucos leitores, repito, a escrita é um ato de ousadia, de sorte, principalmente na textualização de ideias (que brincam com o fogo das palavras).
Um comentário:
Quero um exemplar, e, se possível,convidar o amigo froilam a fazer um dos lançamentos aqui em Santo Ângelo. Sou egoísta. Todos, saíremos ganhamos!
Silveira Selva
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