Nossa espécie atingiu o número de 7 bilhões de indivíduos. Esse dado exige uma reflexão séria, independente do sensacionalismo midiático (que se apoia, via de regra, em opiniões alarmistas). Inicialmente, a espécie humana é a única que sabe o número de indivíduos de que se constitui no tempo e no espaço. O privilégio da (auto)consciência, resultado da evolução natural dos últimos milhões de anos, eleva-nos às alturas, inclusive ao sonho metafísico. A realidade, isto é, a condição animal, está constantemente nos puxando para baixo. A despeito do desejo de nos parecermos divinos, jamais nos desvencilhamos dos instintos comuns aos outros seres pertencentes ao Reino Animalia. O mais poderoso desses instintos é o da reprodução, da sobrevivência genética. A consciência já consegue interferir em alguns lugares da Terra, no sentido de controlar o crescimento da população. Em certos países europeus, o número de nascimentos já é inferior ao de mortes. Uma projeção, até certo ponto tranquilizadora, permite-nos vislumbrar que, até o final deste século, a humanidade se estabiliza no topo da parábola desenhada por sua trajetória. O arco descendente, todavia, representará um dos grandes desafios para os pensadores, cientistas e políticos do futuro. Os problemas com o crescimento populacional desordenado, que caracterizam nosso tempo, são incomparavelmente menores em relação aos problemas com o decréscimo populacional também desordenado que ocorrerá nos próximos séculos. O risco de sobrevivência é mais factível, mais iminente. Essa capacidade consciente de antever, de projetar, de pensar o futuro, deve ser considerada na resolução dos problemas atuais. Um deles consiste em diminuir os efeitos que 7 bilhões de humanos causam ao meio ambiente, não apenas precipitando os riscos à própria sobrevivência, mas também à preservação de outros espécies. A transcendência especista é uma das prerrogativas da consciência mais evoluída.
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