Literatura é arte, e mídia é o conjunto dos meios de comunicação. Uma tem na palavra sua matéria-prima. A outra tem na palavra o signo mais utilizado como linguagem. Dessa forma, literatura e mídia têm algo essencial em comum. O romance, por exemplo, nasceu folhetinescamente, publicado em jornais e revistas. Com origem burguesa, o gênero logo alcançou a aristocracia. A crônica nasceu e continua a evoluir nas páginas desses periódicos, mais jornalística que literária. Com a ascensão social do homem-massa na segunda metade do século XX e consequente declínio das classes evoluídas, a literatura sofreu como que um exílio cultural. A televisão transformou-se no maior fenômeno midiático. Os jornais a acompanharam. A despeito da internet, os dois dominam a chamada “grande mídia”, em razão da escassa conexão ao hipertexto. Em raros momentos, eles se dão ao luxo de repatriarem a literatura para o âmbito popular. Dois escritores que vieram à 13ª Feira do Livro de Santiago são provas desse fenômeno: Letícia Wierzchowski e Fabrício Carpinejar. A primeira é conhecida como autora do romance A casa das sete mulheres, transformado em minissérie pela Rede Globo. Seus demais livros (produzidos de um a dois por ano) são desconhecidos. Carpinejar, um dos maiores poetas do Rio Grande do Sul, filho de Carlos Nejar, passa a ser conhecido pela maioria dos gaúchos porque escreve uma coluna no Zero Hora. Seu livro Canalha! (de crônicas) ganhou o Prêmio Jabuti de Literatura em 2009, mas poucos entre os escassos leitores de nossa cidade o liam antes da série Beleza Interior - editada e 2011. Conclui-se disso que a literatura necessita estreitar sua relação com a mídia para sobreviver. A escola deixou de ser sua aliada a partir de novas diretrizes do MEC (que hoje se encontra em poder do homem-massa, alçado à condição de novo burguês, ou aristocrata, mas sem o apuro estético).
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