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Sócrates pertencia, por sua origem, ao populacho. Sabe-se, percebe-se que era feio. A feiura, objeção em si era quase uma refutação entre os gregos. E, em suma, era grego Sócrates? A feiura é, muitas vezes, sinal duma evolução entravada, pelo cruzamento, ou então o sinal de uma evolução descendente. Os antropólogos que se dedicam à criminologia nos dizem que o tipo criminoso é feio; monstrum in fronte, monstrum in animo. E o criminoso é um decadente. Sócrates era um tipo criminoso? Pelo menos não parece contradizê-lo aquele famoso juízo fisionômico que chocou todos os amigos de Sócrates. De passagem por Atenas, um estrangeiro fisionomista disse frontalmente a Sócrates que ele era um monstro que ocultava todos os vícios e maus desejos. Sócrates respondeu simplesmente: "Conheces-me, meu senhor".
(Transcrevo esse segmento do livro O crepúsculo dos ídolos, de Nietzsche, porque assim o prometi na primeira postagem da série. Penso que o filósofo alemão exagerou na dose. Desde a primeira vez que o li, considerei dispensáveis as considerações transcritas acima.)
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