“Livros: janelas e portas que se abrem” é o slogan da 12ª Feira do Livro de Santiago. Uma excelente escolha, a começar pelo aspecto rítmico da frase (equivalente a um verso dactílico). Isso é relevante para a melhor fixação na memória de quem ouve (principalmente). O aspecto semântico é o que mais se destaca, todavia, singularmente poético pela metáfora duplicada, “janelas” e “portas”. Janelas e portas se abrem, pouco importando em que posição se coloca o leitor/ouvinte: dentro ou fora. A ignorância pode ser comparada a uma prisão, a um compartimento fechado, com pouca luz. A leitura, o conhecimento, antes de representar os olhos que veem mais e mais longe, consiste na mão que puxa o trinco das janelas ou gira a chave das portas. Abrindo-se umas e outras, o ar e a claridade entram para o bem de quem, até então, vegetava no interior da casa (óbice para o corpo e para a alma). De fora para dentro, o ato de “abrir portas” figura como novas oportunidades para quem bate, para quem deseja entrar em determinada empresa, em determinado grupo. Objetivamente falando, quem lê consegue entrar sem dificuldade no grupo dos que se expressam melhor, dos que se comunicam melhor. Em Santiago, por exemplo, alguns acabam desenvolvendo o gosto pela poesia. Os versos que produzem (para serem musicados também) não passam de lugares-comuns, já exaustivamente explorados, com a agravante do ritmo instintivo, sem qualquer aprimoramento técnico. Falta leitura para eles, leitura de outros poetas que chegaram até aqui com o beneplácito do tempo (o melhor crítico). Independentemente do sentido, referencial ou figurado, janelas e portas se abrem com os livros. Para estes, abre-se uma porta primeira mais uma vez: a Feira do Livro de Santiago.
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