Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
.
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do Sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
.
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".
.
Olavo Bilac, autor do soneto acima, nasceu no dia 16 de dezembro de 1865. "Expressão máxima do parnasianismo brasileiro. Nele a forma atinge a suprema perfeição. O que não significa que sua inspiração seja sufocada pela métrica. Pelo contrário, Bilac faz do verso, escrupulosamente escandido, a moldura ideal de seu sentimento lírico... Somente um artista de seu porte conseguiu realizar o paradoxo quase impossível de aliar o mais esmerado requinte formal à mais completa liberdade de inspiração e arrojo de imagens."
(Extraído da contracapa do livro Olavo Bilac - Poesias, coleção prestígio da Ediouro.)
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