quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

ESPELHO DAS ÁGUAS

Esse é o livro de estreia do meu amigo Larí Franceschetto, poeta de Veranópolis, que esteve em Santiago para receber a premiação no VIII Concurso Aureliano de Poesia. Fiquei surpreso com a minha inclusão na dedicatória (página 5). Meu nome aparece logo abaixo dos pais (Raul e Assunta), dos irmãos (Jefferson e Rose Mari), dos sobrinhos (Jonathan e Paula) e do editor são-luizense Luiz Henrique Borck. No final do livro, apareço outra vez, num texto que escrevi para o Letras Santiaguenses em 2003, com o título Um poeta de Veranópolis. Larí o incluiu como apreciação crítica. Nesse texto, defendo que "a melhor parte da biografia de um poeta é a transcrição de seus versos mais significativos, seguindo-se ao nome".
O objetivo inicial desta postagem é de citar excertos iluminados do Espelho das águas (o que farei a seguir):
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"lâminas luas lágrimas
cio vertido
no andar das madrugadas"
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"há flor e fel
no fio da faca"
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"leio suas asas leves
nas narinas das favelas"
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"voo maior, aceso, é a vida
fogo invisível
que a noite não apaga"
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"virás da tarde
cáqui e hibernal
em que me alimento
com As Flores do Mal?"
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"teço a tarde
acendendo o fogo
do tempo"
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"o homem morre
de segunda-feira"
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"vontade inadiável
de resgatar o menino
que se afogou no azul da tarde"
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"Deus verte
lágrima (in)visível
na face apedrejada"
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"o homem continua
anoitecendo mundos"
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"nascem sopros
às janelas do que somos"
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"nos porões dos sustos
os brinquedos esquecidos
são nossos ou dos mortos?"
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"nos domínios do tempo,
teceder de teias
vento a vento
és meus passos
de verdes, de verdades,
de pássaros, de inventos"
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São alguns versos que me lembram da poética nejariana, para mim, o grande referencial literário contemporâneo.
Veranópolis é uma cidade de colonização italiana depois de Bento Gonçalves (tendo o Rio das Antas dividindo os dois municípios). Na Terra da Longevidade, Larí é o único poeta. Conhecido e amado por seus concidadãos, como transparece no documentário que o poeta fez sobre suas próprias andanças. Santiago é diferente nesse aspecto. Temos trezentos e tantos poetas (novos), incapazes ainda de evoluírem na arte, uma vez que já se acham prontos. Os poucos poetas velhos, ou que já floresceram, são bons poetas mas não são amados pelos santiaguenses, porque os santiaguenses não são leitores de poesia.

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