domingo, 13 de dezembro de 2009

DISCURSO VERSUS PRÁTICA

Uma reportagem do Zero Hora deste domingo aborda a conferência de Copenhague pelo seu aspecto contraditório, como fez o poeta Ademir Bacca em relação ao encontro episcopal em Puebla, México, 1979, onde as autoridades religiosas comeram o doce manjar dos anjos e beberam o néctar precioso dos deuses para falar da fome do mundo.
A poluição provocada em 12 dias de reunião na capital da Dinamarca, incluindo as idas e vindas, gira em torno de 40 mil toneladas de carbono, uma contradição já pensada pelo próprio governo dinamarquês.
Inicialmente, a ideia era de se fazer uma conferência "verde". (Ah! Ah!...)
Uma das razões por que escrevo é a de denunciar essas e outras contradições que há em toda parte, inclusive dentro de mim (não posso negar).
Com relação à emissão de carbono, já exemplifiquei com o caso dos "ecologistas" santiaguenses, os quais têm o discurso negado pela prática de suas vidas.
Flávio Tavares, em sua coluna, escreve "O presidente do Brasil promete 'botar pra quebrar' em Compenhague, mas no dia da inauguração da reunião, nosso governo estimulou, aqui, a degradação do clima: o BNDES concedeu mais de R$ 1 bilhão a uma empresa de Eike Batista para construir uma usina de carvão no Maranhão".
Minha tese é a de que, não se podendo mudar a prática, o modus vivendi, devemos mudar o nosso discurso. A racionalização é preferível à contradição. Se me alimento de carne, minha defesa dos animais soa como um discurso contraditório, hipócrita. Se acredito num deus e na vidda após a morte, meu materialismo não se justifica.
Infelizmente, a sustentação do discurso pela prática não ocorrerá nunca. A prova dessa impossibilidade está em mim, em você, em todos os homens. Qualquer esperança de melhora deve partir desse (auto)reconhecimento, sem meu pessimismo (obviamente).

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