A história do assassino Joseph Minardi, vulgarmente chamado de Russo, vem sendo incorretamente escrita. Não apenas em relação aos dados factuais, mas também à interpretação. Em seu livro Um Pouco da História de Santiago, Guirahy Pozo registra sobre o crime: “Lá pelo começo da década de 1930” (o que não está errado). O Oracy Dornelles, em seu Páginas Impossíveis, precisa que o fato ocorreu em 1930. Em sua coluna no A Folha, o jovem articulista Fábio Monteiro generaliza: “Por volta do ano de 1932”. Sobre os três criminosos, Guirahy informa que eram dois poloneses e um russo; Oracy diverge que eram dois alemães e um russo; e Monteiro, que eram dois poloneses e um italiano (em seguida, no mesmo artigo, escreve que dois eram alemães). Afinal, quais as nacionalidades dos três bandidos? Outro equívoco: quem matou o Russo foi Leopoldino Soares Paiva, não Leopoldino Soares de Paula. Dica Soares era neto do meu tataravô, Sátiro Soares Chaves. Ele não matou o Russo de emboscada. Depois de se encontrarem numa estrada da Vila Branca, Dica resolveu fazer o que fez, torcendo as rédeas de seu cavalo para alcançar o fugitivo e dar-lhe voz de prisão. Segundo Severo Flores Machado, "o Russo sem dizer nada, virou-se com um revólver em cada mão e alvejou Dica Soares, errando o alvo". Este, por sua vez, desferir-lhe um tiro certeiro. Assim contava o carreteiro (então com 18 anos) que carregou o morto, enquanto meu parente vinha à cidade para chamar a polícia. Nenhum equívoco é mais grave, todavia, que o de inocentar o Russo pelo latrocínio cometido contra Domingos Terra e seu filho. Não apenas isentá-lo de culpa, como transformá-lo em milagroso. À exceção de Paulo de Tarso, que ajudou a apedrejar Estêvão, antes de se converter, não há santo que tenha sido assassino na história cristã. Se houve milagres, por que não declinam quais foram eles. Um despautério dizer que Santiago já tem seu “santo popular”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário