No sentido real, os homens passaram a fazer cultura entre dez e doze mil anos atrás. O cultivo da terra e a criação de animais foram atividades concomitantes desde o princípio. Desde o princípio, essas atividades asseguraram a sobrevivência aos seus executores humanos. Sobrevivência e riqueza. Noutra acepção, significando crenças, costumes, conhecimentos, artes..., a cultura constitui a marca que distingue excepcionalmente a humanidade. Isso ocorre desde os primeiros hominídeos, há mais de um milhão de anos. Instrumento de pedra, tática de caça, descoberta e utilização do fogo, linguagem, pintura rupestre, criação de deuses e demônios, tudo classificado como cultura. Outro produto cultural é a guerra (cuja genealogia foi vislumbrada cinematograficamente por Stanley Kubrick, em 2001 – Uma odisseia no espaço). Caim e Abel, irmãos no mito genesíaco, são alegorias de um conflito que certamente existiu entre povos agrícolas e pastores. Dez mil anos se passaram, o confronto no campo continua, agora entre sem-terra e latifundiários. Todos descendentes de Caim, com a mesma sina fratricida. A cultura da terra ainda é uma questão de sobrevivência. Para um continente inteiro (a África), à sombra do terrível espectro, certamente o é. A cultura do lucro, iniciada há poucos séculos, provocou desequilíbrio em toda parte, com estragos irreparáveis ao meio ambiente. No microuniverso santiaguense, percebe-se a ascendência da cultura ligada às artes, com destaque para a produção literária. O antigo “boqueirão” deu lugar à Rua dos Poetas. A nova cultura é tão necessária quanto à antiga. Para a nossa felicidade.
Um comentário:
Caro Froilam,
Gostaria de parabenizar pelo excelente artigo.
Gostei muito.
A cultura é baseada (talvez medida?) na herança cultural, transmitida de forma educativa, dos pais para os filhos e molda a conduta de determinada sociedade.
Educação é diferente da aprendizagem, tanto que podemos aprender coisas indecentes, como por exemplo: arrombar um carro. A educação serve para integrar e evita a marginalização.
Esse é um aspecto que diferencia o homem dos animais - nós aprendemos e, melhor ainda, nós educamos.
Também estou feliz com a "Terra dos Poetas", pois a elevação da estima de um povo reflete positivamente em sua cultura.
Hoje, por incrível que pareça, não somos mais aquela terra de 10 anos atrás.
Temos que incentivar a produção cultural, independentemente do nível que essa obra tenha. Até mesmo pelo motivo que qualquer julgamento é subjetivo...
Ah! Amanhã tem a Maratona no Centro Cultural e uma poesia sua será uma das 30 que serão lidas...
Contamos com a sua participação!
Att.
Giovani Pasini
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