quinta-feira, 27 de novembro de 2014

NOTA 10


Em 1972, no Rincão dos Machado, meus pais resolveram me mandar para a cidade, com o objetivo de continuar com os estudos regulares. Até aquele momento, os filhos permaneciam no campo, após concluir o Primário (até o 5º ano). Concomitantemente com a necessidade de mão de obra para cultivar a lavoura, havia a dificuldade de manter alguém da família na cidade (a despeito da escola pública). Uma das possibilidades era hospedá-lo na casa de um parente, onde pudesse trabalhar nos turnos opostos às aulas. Foi o que aconteceu comigo no ano seguinte. Minha predisposição para os estudos, demonstrada desde criança, trouxe-me para Santiago. Na casa de meus tios, fazia de tudo, como varrer o pátio, lavar roupas, vender doces na Zona etc. No Colégio Polivalente, as melhores notas continuavam a figurar no boletim. Logo descobri a biblioteca, forçado pela vontade de conhecimento e pelo bolso (que me impedia de frequentar a cantina da escola). Naquele recanto tão silencioso (e vazio), iniciei minha vida de leitor, devorando romances e enciclopédias. Nunca mais deixei de ler, hábito saudável que me fez cursar Letras e, agora, Filosofia (cursos que estão longe de abranger o conhecimento que adquiri autodidaticamente). 
A ilustração acima é da página da Universidade Sul de Santa Catarina, print screen das notas de duas avaliações (a distância e presencial), que fiz na disciplina de Cenários Contemporâneos.    

Nenhum comentário: