terça-feira, 22 de outubro de 2019

REDES SOCIAIS: UMA SUBCULTURA DA APARÊNCIA


           


           O Facebook, o Instagram, o Whats, entre outras redes virtuais efetivam a subcultura da aparência, cuja linguagem é baseada na imagem. O verbal, depois de sofrer toda sorte de fragmentação, está à beira de ser inexoravelmente extinto.
        A conveniência para que tal ocorra também se  caracteriza pela estratégia pós-moderna de falsear o real, onde o ego do novo aculturado digitalmente se debate em meio à mediocridade, à insignificância.
         A (auto)imagem publicada segue um padrão, qual seja, o de ilustrar o espetacular, sem precisar onde, quando, como ou por quê. Essa falta de referência cria o glamour, na medida em que deixa transparecer certa naturalidade (facilmente observada como embuste, camuflagem). Exemplo recorrente: o usuário publica uma selfie ante uma construção majestosa ou ante o mar verde.
         O contexto de espaço e de tempo é apenas aludido pela imagem, seguida ou não da expressão interjetiva “gratidão!”. A relevância insinuada para si com a imagem de fundo, que pode ser qualquer praia do planeta, denuncia-se com a interjeição aposta.
         O texto apresenta como que uma incoerência profunda: a naturalidade de se encontrar numa praia distante é negada pelo que fica subentendido com a interjeição. O que se subentende por “gratidão!”?  Aquele que a expressa, malgrado exaltar sua condição de turista, expõe de forma inconsciente o esforço pessoal quase impossível de estar inacreditavelmente ali.
         Muito há que se dizer dessa subcultura, a qual é produto da pós-modernidade, tempo de radicalização individualista, e em que prevalece o parecer como modo de existência.

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