O
Facebook, o Instagram, o Whats, entre outras redes virtuais efetivam a
subcultura da aparência, cuja linguagem é baseada na imagem. O verbal, depois
de sofrer toda sorte de fragmentação, está à beira de ser inexoravelmente
extinto.
A conveniência para que tal ocorra
também se caracteriza pela estratégia
pós-moderna de falsear o real, onde o ego do novo aculturado digitalmente se
debate em meio à mediocridade, à insignificância.
A (auto)imagem publicada segue um
padrão, qual seja, o de ilustrar o espetacular, sem precisar onde, quando, como
ou por quê. Essa falta de referência cria o glamour,
na medida em que deixa transparecer certa naturalidade (facilmente observada
como embuste, camuflagem). Exemplo recorrente: o usuário publica uma selfie ante uma construção majestosa ou
ante o mar verde.
O contexto de espaço e de tempo é
apenas aludido pela imagem, seguida ou não da expressão interjetiva
“gratidão!”. A relevância insinuada para si com a imagem de fundo, que pode ser
qualquer praia do planeta, denuncia-se com a interjeição aposta.
O texto apresenta como que uma
incoerência profunda: a naturalidade de se encontrar numa praia distante é
negada pelo que fica subentendido com a interjeição. O que se subentende por
“gratidão!”? Aquele que a expressa,
malgrado exaltar sua condição de turista, expõe de forma inconsciente o esforço
pessoal quase impossível de estar inacreditavelmente ali.
Muito há que se dizer dessa subcultura,
a qual é produto da pós-modernidade, tempo de radicalização individualista, e em
que prevalece o parecer como modo de
existência.
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