domingo, 6 de outubro de 2019

CARTA ABERTA


CARTA ABERTA AOS MEUS PARENTES
ESQUERDISTAS

      Esta carta se endereça aos meus parentes que, por um motivo obscuro, preferem se filiar à esquerda, ao socialismo, ao comunismo, malgrado a comprovação histórica de fracasso desse espectro político (do qual a debacle soviética constitui seu exemplo mais irrefutável). Ludwig von Mises atribui à ignorância, à inveja e ao ódio essa sanha anticapitalista, que contradiz, a propósito, o modus vivendi abertamente capitalista em que vivem todos.
      Minha proposta é de pedir-lhes uma tarefa simples: abrir o Manifesto do Partido Comunista, página 50 (ou em torno de), e ler as medidas de Marx e Engels para o advento de um mundo melhor. Certamente, vocês já realizaram uma leitura atenta do conteúdo comunista dos pensadores supracitados, a compartilhar com cada uma de suas premissas.
      Eis a relação de medidas que foi publicada no Manifesto do Partido Comunista, em 1848, fomento de revoluções em diversos pontos do planeta, com a construção de estados totalitários:

1. Expropriação da propriedade fundiária e emprego das rendas fundiárias para despesas do Estado.
2. Pesado imposto progressivo.
3. Abolição do direito de herança.
 4. Confiscação da propriedade de todos os emigrantes * e rebeldes.
5. Centralização do crédito nas mãos do Estado, através de um banco nacional com capital de Estado e monopólio exclusivo.
6. Centralização do ** sistema de transportes nas mãos do Estado.
7. Multiplicação das fábricas nacionais, dos instrumentos de produção, arroteamento e melhoramento dos terrenos de acordo com um plano comunitário.
8. Obrigatoriedade do trabalho para todos, instituição de exércitos industriais, em especial para a agricultura.
9. Unificação da exploração da agricultura e da indústria, atuação com vista à eliminação gradual da diferença *** entre cidade e campo.
10. Educação pública e gratuita de todas as crianças. Eliminação do trabalho das crianças nas fábricas na sua forma hodierna. Unificação da educação com a produção material, etc.

      À exceção da última medida, cujas metas o capitalismo evolui continuamente para atender melhor do que seu sistema de economia antagônico, pergunto-lhes se concordam com os disparates enumerados na citação acima.
      Para esclarecimento (tema bem dissertado por Kant), limito-me a analisar a primeira medida: “expropriação da propriedade fundiária e emprego das rendas fundiárias para despesa do estado”. Com expropriação proposta, como a terra produziria rendas para o estado? O estado teria que depender de pessoas físicas ou jurídicas que trabalhassem na terra ou que a explorassem sem a produção de riqueza para essas pessoas.
      Quem pagaria o “pesado imposto progressivo” – expresso na segunda medida?
      Uma Europa comunista, coerente com a medida 4, não daria refúgio a tantos emigrantes africanos e asiáticos como o faz nestes dias a Europa capitalista. A propósito, quais seriam os “rebeldes”?
      Involuntariamente, ultrapassei o proposto na medida 1, traído pela indignação de ver o absurdo fazer tantos adeptos. Neste aspecto, penso que os parentes entenderão minha intenção honesta, cujo grau de alteridade não pode ser refutado pelo direito que cabe a cada um de vocês.
      Um abraço a todos!
     
      Curitiba, 6 de outubro de 2019.


Froilam de Oliveira    

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