O cinema também pega carona no declive de
outras culturas artísticas, não obstante o avanço tecnológico que tem
propiciado saltos de qualidade à indústria cinematográfica neste primeiro
século de existência.
Sem me importar com tal avaliação (depois
de um dia de muita leitura), resolvi ver um filme da Netflix antes da
meia-noite. O escolhido foi The Titan,
ficção científica lançado em março de 2018.
A ideia de buscar no espaço um novo
habitat para o homem, em vias de ser extinto, constitui um mote desafiador para
algumas reflexões interessantes. Apenas por esse aspecto, não lamento o tempo
perdido à frente da televisão. O filme é péssimo.
Entre as maiores utopias já representadas
pela imaginação humana, a colonização de outro planeta (ou satélite, no caso de
Titã) significa duas coisas: antropocentrismo, o homem sempre a se colocar no
centro do Universo, e a depreciação do nosso planeta, este “ponto azul”
extraordinário.
A vida terrena precede o homo sapiens em aproximadamente 3,8
bilhões de anos. Ela não o sucederá por um tempo equivalente, na medida em que
os fatores de destruição criados pelo homem são irreversíveis.
A razão esclarecida necessita se impor às
utopias, aos sonhos e devaneios. Todos os esforços para procurar fora a própria
salvação, tema do roteiro encenado por The
Titan, devem ser redirecionados para a preservação vital da Terra (enquanto
essa empresa é possível).
(Meus interlocutores,
pensem na depreciação que fez Platão, o cristianismo e toda metafísica a este
mundo, o único e melhor dos mundos possíveis, a depreciá-lo filosófica e
religiosamente.)
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