Um
modo fácil de fazer o bem, que não está nos livros ou no sistema de busca do
Google, consiste em lembrar, falar ou escrever sobre as coisas boas a mim
propiciadas pelo outro, ou melhor, lembrar, falar ou escrever coisas boas sobre
o outro.
Quem é o outro?
Toda pessoa que comigo se relaciona hoje
ou que se relacionou preteritamente: parentes, amigos, colegas e, mais
e(a)fetivamente, esposa, companheira ou namorada.
Os relacionamentos presentes, via de
regra, mantêm-se graças a um conjunto de razões e sentimentos que justifica
minhas escolhas e as escolhas do outro (conforme o grau evolutivo da minha
personalidade, que se estende do individualismo radical, ou solipsismo, à
alteridade, ou a que Edith Stein chamou de “empatia iterada”).
Em atinência aos relacionamentos passados
(por motivos de separação simples ou de morte do outro), devo recordá-los pelos
aspectos positivos, que me fizeram mais felizes, e evitar a tentação de
recorrer à maledicência. A propósito, a morte sempre expurga esse mal.
Até há pouco tempo, os erros do outro
eram necessários para encobrir os meus erros. O autoconhecimento, todavia, faz-me
evoluir a ponto de não mais pensar, falar ou escrever algo para depreciar o
outro, bem como condenar a mim por uma culpa qualquer.
Algumas vezes, por discrição, não posso
bendizer o que passou (tampouco maldizê-lo) com ou sem a intenção de atingir o
presente.
Em síntese, a decisão consciente de
pensar, falar ou escrever bem sobre o outro se internaliza e modifica minhas
pulsões e desejos inconscientes.
P.S.: O texto acima constitui,
por excelência, a forma que escolhi para fazer o bem.
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