segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

TRÁGICO, FATAL



Toda morte é trágica por seu conteúdo significativo. Não o é pela forma de sua realização. O homem, por ter consciência de sua própria morte e não poder evitá-la para sempre, constitui-se num ser inexoravelmente trágico.
O contrário dessa incapacidade ontológica, a morte provocada pela ação humana, direta ou indireta, ou pela omissão, não é uma tragédia.
A perda da vida de um soldado é evitável, basta que cessem os motivos que o arrastam para a guerra, ou por amor à pátria, ou por ordem superior. Pátria e autoridade são criações do homem.
A perda da vida num acidente de trânsito é evitável, desde que o condutor do veículo envolvido obedecesse rigorosamente às normas e diretrizes, como a que regulamenta a velocidade máxima permitida na via.
O suicídio é um o exemplo claro da forma mais evitável, na medida em que coincidem o agente e paciente da ação que resulta em morte. As causas que motivam o suicida não configuram verdadeiramente o trágico. Uma doença terminal é trágica, não o medo, a covardia, a ansiedade ou outro sentimento que antecipam o fim. Essas causas psicológicas são controláveis (inclusive por medicamento).
Mortes trágicas são causadas por eventos naturais, inevitáveis, como raios, furacões, terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas, derrocadas etc. Neste sentido, tragédia e fatalidade se fundem semanticamente.

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