Toda
morte é trágica por seu conteúdo significativo. Não o é pela forma de sua
realização. O homem, por ter consciência de sua própria morte e não poder
evitá-la para sempre, constitui-se num ser inexoravelmente trágico.
O
contrário dessa incapacidade ontológica, a morte provocada pela ação humana,
direta ou indireta, ou pela omissão, não é uma tragédia.
A
perda da vida de um soldado é evitável, basta que cessem os motivos que o
arrastam para a guerra, ou por amor à pátria, ou por ordem superior. Pátria e
autoridade são criações do homem.
A
perda da vida num acidente de trânsito é evitável, desde que o condutor do
veículo envolvido obedecesse rigorosamente às normas e diretrizes, como a que
regulamenta a velocidade máxima permitida na via.
O
suicídio é um o exemplo claro da forma mais evitável, na medida em que
coincidem o agente e paciente da ação que resulta em morte. As causas que
motivam o suicida não configuram verdadeiramente o trágico. Uma doença terminal
é trágica, não o medo, a covardia, a ansiedade ou outro sentimento que
antecipam o fim. Essas causas psicológicas são controláveis (inclusive por
medicamento).
Mortes
trágicas são causadas por eventos naturais, inevitáveis, como raios, furacões,
terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas, derrocadas etc. Neste sentido,
tragédia e fatalidade se fundem semanticamente.
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