Na intenção de escrever um ensaio sobre a falsa pós-modernidade, ou falso insucesso da razão (como agente da felicidade), tenho lido Zygmunt Bauman com atenção redobrada.
Depois de dois anos, retomo O mal-estar da pós-modernidade, do sociólogo polonês, traduzido por Mauro Gama e Cláudia Martinelli Gama.
Como argumento de autoridade, Bauman cita O mal-estar na civilização, de Sigmund Freud, a partir desta sentença: "A civilização se constrói sobre uma renúncia ao instinto". O homem moderno foi obrigado a reprimir parte de sua libido e parte de sua agressividade. Ele "trocou um quinhão das suas possibilidades de felicidade por um quinhão de segurança".
Bauman atribui o mal-estar ao "excesso de ordem" e de sua inseparável companheira, a "escassez de liberdade":
"Dentro da estrutura de uma civilização concentrada na segurança, mais liberdade significa menos mal-estar; dentro da estrutura de uma civilização que escolheu limitar a liberdade em nome da segurança, mais ordem significa mais mal-estar.
"Os homens e as mulheres pós modernos trocaram um quinhão de suas possibilidades de segurança por um quinhão de felicidade. Os mal-estares da modernidade provinham de uma espécie de segurança que tolerava uma liberdade pequena demais na busca da felicidade individual. Os mal-estares da pós-modernidade provêm de uma espécie de liberdade de procura do prazer que tolera uma segurança individual pequena demais.
"O que chamamos felicidade (...) vem da satisfação de necessidades represadas até um alto grau... Liberdade sem segurança não assegura mais firmemente uma provisão de felicidade do que segurança sem liberdade.
"Não há nenhum ganho sem perda".
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