A Avenida Rio Grande é a
espinha dorsal de Cassino – desde a RS734 à praia. As duas pistas se encontram
em frente a imensa estátua de Iemanjá, tendo como plano de fundo o Atlântico.
Minha chegada ao balneário
coincidiu com o dia consagrado à Iemanjá, orixá que foi assimilado pelo
catolicismo como Nossa Senhora dos Navegantes.
Excepcionalmente vestida com
um manto azul, a deusa era o centro das atenções, cercada por centenas e
centenas de gente curiosa e de adeptos compenetrados (que vieram cultuar a
imagem, cercando-a de oferendas).
Mais do que turista simplesmente,
coloquei-me no papel de um observador cuja reflexão exigiu de mim o presente
registro verbal.
A partir do fato social (pessoas
rendendo culto à Iemanjá na praia de Cassino, dia 2 de fevereiro de 2015),
concluo que subsiste o caráter religioso, animista e idolátrico. Ainda não
houve uma idade da razão, para
justificar o preconceito pós-moderno de que ela fracassou em trazer a
felicidade tão exigida pelo homem.
O fato não comprova um possível
retorno ao espiritualismo. Não há retorno, mas continuidade.
Ao mesmo tempo em que
fotografava a Erilaine, observava um rapaz deitar-se na calçada em reverência à
Iemanjá. Em seguida, ele abriu uma garrafa de champanha e derramou todo o
líquido no extremo do círculo de oferendas.
Dois comportamentos bem
distintos, o do observador frio e o do crente fiel. Como tenho a mais clara
certeza de gozar atualmente de perfeita saúde psicológica, penso que algo vai
mal com quem acredita em deuses (e se joga ao chão ante a imagem de um deles).
Num dos melhores ensaios produzido pelo intelecto humano, Freud definiu a religião (toda religião) como uma ilusão. Uma ilusão que beira a neurose.
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