terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

CASSINO CULTUA IEMANJÁ


      A Avenida Rio Grande é a espinha dorsal de Cassino – desde a RS734 à praia. As duas pistas se encontram em frente a imensa estátua de Iemanjá, tendo como plano de fundo o Atlântico.
      Minha chegada ao balneário coincidiu com o dia consagrado à Iemanjá, orixá que foi assimilado pelo catolicismo como Nossa Senhora dos Navegantes.
      Excepcionalmente vestida com um manto azul, a deusa era o centro das atenções, cercada por centenas e centenas de gente curiosa e de adeptos compenetrados (que vieram cultuar a imagem, cercando-a de oferendas).
Mais do que turista simplesmente, coloquei-me no papel de um observador cuja reflexão exigiu de mim o presente registro verbal.
      A partir do fato social (pessoas rendendo culto à Iemanjá na praia de Cassino, dia 2 de fevereiro de 2015), concluo que subsiste o caráter religioso, animista e idolátrico. Ainda não houve uma idade da razão, para justificar o preconceito pós-moderno de que ela fracassou em trazer a felicidade tão exigida pelo homem.
      O fato não comprova um possível retorno ao espiritualismo. Não há retorno, mas continuidade.
Ao mesmo tempo em que fotografava a Erilaine, observava um rapaz deitar-se na calçada em reverência à Iemanjá. Em seguida, ele abriu uma garrafa de champanha e derramou todo o líquido no extremo do círculo de oferendas.
Dois comportamentos bem distintos, o do observador frio e o do crente fiel. Como tenho a mais clara certeza de gozar atualmente de perfeita saúde psicológica, penso que algo vai mal com quem acredita em deuses (e se joga ao chão ante a imagem de um deles). 
      Num dos melhores ensaios produzido pelo intelecto humano, Freud definiu a religião (toda religião) como uma ilusão. Uma ilusão que beira a neurose. 

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