O termo paixão,
que hoje expressa um sentimento intenso, tem origem etimológica no
latim passio -onis, derivado de passus, e significava
sofrer.
A liberação de oxitocina e vasopressina embriaga de
felicidade o apaixonado, que pouco se importa com os efeitos
colaterais, como a aceleração cardíaca e a instabilidade
emocional.
A juventude não vê diferença entre paixão e amor, por
isso é mais vulnerável ao sofrimento (que não nega a etimologia).
Sexta-feira Santa é o momento em que a cristandade rememora a paixão
de seu deus encarnado. Não houvesse a cruz, o sangue derramado e a
morte, dificilmente constituir-se-ia o cristianismo.
Deus crucificado
é uma apostasia com que Paulo de Tarso, o primeiro grande
idealizador dessa religião, faria o contraponto decisivo para o
domínio da fé.
O apóstolo escreveu aos coríntios sobre Cristo
crucificado: “escândalo para os judeus, e loucura para os gregos”.
O deus dos judeus era poderoso e vingativo, não poderia,
repentinamente, tornar-se fraco, deixar-se castigar e morrer por
reles humanos. Um escândalo! O deus dos judeus torraria seus
inimigos, como já fizera anteriormente. Para os gregos, então
dominados pela filosofia estoica, deus constituía uma potência
infinita, que estruturava todas as coisas do Universo. De que maneira
esse deus, repentinamente, assumiria a dimensão de um homem? Uma
loucura!
O ensinamento de Paulo: a “loucura” do deus cristão era
mais sábia do que a sabedoria dos gregos; a fraqueza dele era mais
forte do que poderia acreditar os judeus. A grandeza desse deus seria confirmada pela ressurreição de Cristo ao terceiro
dia.
A paixão só tem um sentido transcendente com essa relação
pascal. Noutro sentido, o mundano, a paixão pode ser comparada a
Eros num devaneio gostosamente febril.
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