A felicidade é um estado mais próximo do silêncio, do contato com o ambiente natural. Os interioranos são mais felizes (ainda que não tenham consciência disso), longe da barafunda em que se tornam as cidades. Todo o aparato tecnológico de que se cercam os citadinos, comprova-se agora, não lhes tem propiciado melhor astral, maior (auto)estima. Todo o conhecimento de mundo, veiculado por uma profusão de imagens e textos, distancia-se do saber necessário a uma vida saudável. O consumismo (que nunca se farta) expõe a causa dessa doença moderna: os desejos. O grande problema é que os consumidores, aos milhões, sabem de tudo um pouco, menos sobre seus desejos, tomados como essência do próprio ser. Para atendê-los, empregam todos os recursos disponíveis, correm desesperadamente, aceleram o tempo e não conseguem a satisfação final, o retorno que compense o esforço despendido. A correria toda, o que é risível, decorre unicamente pelo excesso de ócio. No interior, o trabalho com o gado ou com o cultivo da terra não permite os luxos (ou lixos?) da modernidade. A maior rigidez moral distingue os habitantes do campo e da serra, cujos desejos (quando conseguem estruturar-se psiquicamente) são controlados com estoicismo. O modus vivendi que os caracteriza, a partir de experiências comunitárias bem-sucedidas, passa a constituir um novo paradigma, fundamentado na simplicidade.
2 comentários:
A propósito de uma das minhas pinturas - Sol de Inverno - conheci o seu Blog e demorei-me a lê-lo. Gosto do que escreve. Parabéns!
Froilam, a época que vivemos, ou como diz Bauman, a modernidade líquida atual, nos compele aos desejos do consumo desenfreado e para poder consumir cada vez mais, trabalhamos cada vez. A descartabilidade das coisas e pessoas é apenas uma das características dessa nova sociedade, que se fecha cada vez mais em condomínios e entre muros, com medo e receio. Esse modo de vida acaba trazendo infelicidade e efemeridade. O homem do campo talvez ainda conserve um pouco de romantismo.
Abraços
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