Ninguém nunca me disse que para encontrar alguém você precisa estar sozinho. Algo que lembra a história de “um professor universitário que visitou Nan-in, mestre zen, para saber sobre o zen. Em vez de ouvir o mestre, o professor se limitou a falar sobre as próprias ideias. Depois de ouvir por um tempo, Nan-in serviu chá. Encheu a xícara do visitante e continuou a servir o chá. O líquido transbordou, encheu o pires, caiu nas calças do homem e no chão. – Não está vendo que a xícara encheu? – fala o professor. – Isso mesmo – respondeu calmamente Nan-in. – Tal como essa xícara, você está cheio de suas próprias ideias e opiniões. Como poderei mostrar-lhe o zen se você não esvaziar sua xícara primeiro?”. Copiei essa blague do livro Quem somos nós?, de autoria dos criadores do filme de mesmo nome. Ela revela uma sabedoria que escapa ao senso comum. Um encontro entre duas pessoas, retomando o que sentenciei acima, ocorre quando ambas estão previamente sós, com disposição para o diálogo. Hoje fui ao Posto Esso, mais precisamente na loja de conveniências, onde tenho recarregado meu celular. Tantos passam por ali: amigos, conhecidos ou estranhos. Do primeiro time, vejo Paulo Doleys, uma das pessoas com quem mais gosto de conversar em Santiago. Ele me vê ao mesmo tempo. Após os cumprimentos, passamos a entabular uma discussão interessante sobre os problemas que nos afetam nestes dias. A leitura que fazemos desses problemas é suficiente para que o diálogo se mantenha num nível elevado. A ocasião não nos exige “esvaziamento”, mas um pouco da teoria psicanalítica e uma vasta experiência de vida. Ainda que nos separássemos depois, passei o dia conversando com o Paulo.
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