terça-feira, 30 de junho de 2009

POETA DAS MANHÃS

O conhecimento liberta, não a fé. A prisão é a ignorância, não a descrença. Mas essa verdade não desperta o interesse de pessoas ignaras, condicionadas na tradição cristã, que ensina o contrário. A fé pode livrá-las de males menores, como o sentimento de desamparo, de medo, de impotência. Ilusões nefastas que assombram os fracos, substituída por uma grande ilusão. Estou cansado de falar ou escrever sobre isso. Os que necessitariam ouvir/ ler meu discurso, despeitados, reagem em defesa de suas velhas crenças em coisas, seres e fenômenos irreais, desmitificadas pelo conhecimento filosófico/ científico. Sou um ateu, dizem, o que é suficiente para me condenarem à fogueira de suas vaidades. Quando chamo de hipócritas os (pseudo)cristãos, a começar pela maneira de rezar, não cito conhecimentos de Psicologia, por exemplo, mas o que está escrito nos Evangelhos (Mt 6: 5, 6). A propósito, basta o capítulo sexto de Mateus para desmascarar muitos “fiéis” que se acham protegidos pelo deus bíblico, merecedores do céu. Não há um preceito que sigam com retidão, ao pé da letra. Principalmente, o do amor ao próximo. Condenam-me por um ateísmo (que professo com cautela), não pelas acusações de hipocrisia que lhes faço abertamente. Estou cansado das críticas que faço à sociedade, ao senso comum. Ante uma multidão que ainda continua na Idade Média, minha apologia ao conhecimento não passa de palavras ao vento. Cansei de voltar à caverna onde estive acorrentado, a tomar as sombras como realidade. Há pessoas perigosas lá dentro que querem me trucidar, tudo porque lhes digo que se enganam. A partir de hoje, devo usufruir mais da claridade aqui fora, como poeta das manhãs azuis. Poeta, sim, após compreender o que Nietzsche sabia: o mundo só se justifica como fenômeno estético.
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Minha penúltima coluna do Expresso Ilustrado, Hipocrisia, gerou reações (in)esperadas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Amigo Froilan, td bueno!
-Infelizmente passamos a maior parte do tempo na caverna. Viver na claridade integralmente é quase um suicídio social. O contraponto é tempero necessário. Dá-lhe boca. Um abraço. Cácio.

Anônimo disse...

Muito bom seus texto, aliás, posso linkar seu blog ao meu?
Gostei bastante do que li até agora, certamente voltarei mais vezes.
Abraço.